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IV SEPEL   - 2018-1

Seminário de Pesquisa em Letras da UTFPR

 

 

PESQUISAS DO TRADLIN - TRADUÇÃO ESPECIALIZADA-TÉCNICA (Profª  Silvana Ayub)

 

Gilson Faria Albuquerque

The Rime of the Ancient Mariner X A Balada do Velho Marinheiro - a tradução de poesia por trás da banda Iron Maiden

 

Bruna Silva Alves

William dos Santos Mário

Por causa do amor: Análise de versões da Garota de Ipanema para língua inglesa publicadas em sites de tradução de letras de música 

 

Graziela Eloiza Martins de Souza

"Guilty suspect" - [A culpa não é do tradutor / Culpado suspeito]" - Desvendando segredos da tradução de títulos de filmes no Brasil 

Jessica Zablocki

Tradução e o gênero textual de divulgação científica 

 

Lucas Miguel De Bail Ribas

Aproximação Visual: uma tradução técnica sobre legislação no âmbito da aviação 

 

Gustavo Burda

Influência do tempo na tradução - questões sobre adaptação e qualidade 

Auridéia Costa Silva Rodrigues

Análise da tradução do poema “Still I Rise” de Maya Angelou  

RESUMOS

Gilson Faria Albuquerque

The Rime of the Ancient Mariner X  A Balada do Velho Marinheiro :  a tradução de poesia por trás da banda Iron Maiden

A banda britânica Iron Maiden, criada e formada em 1975 pelo baixista Steve Harris, é uma das referências no gênero musical heavy metal. A banda é famosa pela variedade nas letras de suas composições. A temática das canções encontra inspiração no cinema, literatura e principalmente em fatos históricos fugindo, portanto, dos temas abordados por outras bandas do gênero como uso de drogas, álcool e sexo, por exemplo. O estilo único da banda atrai muitos fãs mundo afora, inclusive no Brasil. Prova disso é o show realizado em 2001, durante o festival Rock in Rio, no qual a banda se apresentou para aproximadamente 250 mil pessoas. Por abordar temas diferentes do comum para o heavy metal, as letras do Iron Maiden instigam os fãs que buscam entender o que está sendo cantado. Porém, nem todos têm conhecimento a respeito da língua inglesa, ou seja, esses fãs dependem de traduções para compreender os significados das canções. No Brasil, os maiores sites de tradução de música, tais como <letras.com.br> e <vagalume.com.br> oferecem letras voluntariamente traduzidas, não havendo qualquer explicação sobre como esses voluntários trabalham. Ao traduzir uma canção, o primeiro ponto a ser considerado é o que se pretende alcançar com a letra traduzida. Segundo Franzon (2008), a tradução de música pode seguir cinco diferentes caminhos, sendo eles: não traduzir; escrever uma letra nova sem relação óbvia com a letra original; traduzir a letra e dar uma musicalidade de acordo com a tradução; adaptar a tradução à música original. O caminho escolhido para este trabalho é o de traduzir a letra sem levar a musicalidade em conta. Outro ponto importante é definir se a tradução será fiel ou não a letra original. Nesse contexto, nos pautamos em Nord (2016) que compreende a tradução como uma ação comunicativa sempre orientada a um leitor final (os fãs da banda) e em Vermeer (1986) que propõe toda tradução como sendo uma ação motivada por um propósito (skopos – a compreensão da letra) que determina as escolhas do tradutor, em função do contexto de recepção (leitura – dos fãs). Assim, este trabalho analisa e compara duas traduções de The Rime of the Ancient Mariner disponíveis em dois sites de tradução de músicas: <letras.com.br> e <musixmatch.com> Em seguida, propomos uma terceira tradução para a canção, considerando o poema homônimo, escrito por Samuel Taylor Coleridge em 1797, no qual a música foi inspirada. Espera-se, assim, demostrar diferenças lexicais entre trechos das traduções, quanto ao propósito de manter ou não a musicalidade e a fidelidade da letra original.

 

Palavras-chave: The Rime of the Ancient Mariner, Iron Maiden, Tradução de Canção, Funcionalismo.

 

 

Bruna Silva Alves

William dos Santos Mário

Por causa do amor: Análise de versões da Garota de Ipanema para língua inglesa em sites de tradução de letras de música

 

A canção Garota de Ipanema é a segunda mais executada da história e é impossível saber o número exato de interpretações gravadas. Em 1962, no início da bossa nova, Vinícius de Moraes teve em Heloísa Pinheiro (que representava a beleza brasileira na época) sua fonte de inspiração para produzir a música juntamente com Antônio Carlos Jobim, conhecido mundialmente por Tom Jobim. A canção foi regravada diversas vezes e em cada versão é possível observar algumas alterações nas escolhas das palavras utilizadas para transmitir a mensagem da letra original. Ao mesmo tempo em que analisamos as traduções, é necessário refletir sobre a quantidade de variações lexicais encontradas em cada versão e a representação feminina da mulher carioca e brasileira transposta na música. As traduções de Garota de Ipanema ao longo dos anos procuraram manter a ideia da versão original. Entretanto, traduções literais de expressões próprias da língua portuguesa não foram bem retratadas nas versões analisadas, distanciando as traduções do texto fonte ao alterar o sentido transmitido na letra original, como a descrição da garota, pois na versão original é puramente abstrata e na versão de Sinatra é feito uma descrição física. Em uma dissertação de 2013 sobre a canção Garota de Ipanema, Natanael Ferreira França Rocha, aborda e discute versões da música em inglês, alemão, francês e italiano. Seus resultados mostraram que houve adição ou exclusão de características físicas das personagens nas versões, mostrando a garota como bela e bronzeada na versão brasileira, e retratada com base em outros padrões nas versões estrangeiras. Na versão francesa, por exemplo, a garota bonita é retratada como alta, magra e de olhos claros. Dessa forma é possível observar que as versões modificam a beleza ideal contida na letra, adaptando-a para o país da língua utilizada na tradução. De forma similar, este estudo pretende identificar alterações encontradas nas versões de dois sites de tradução de letras de música (Letras e Lyrics Translate) contrapondo-as com a versão mundialmente conhecida interpretada por Sinatra, que deu voz a composição produzida por Claus Ogerman, um renomado compositor e arranjador alemão, conhecido pelo trabalho realizado com Tom Jobim. Fundamentados na teoria funcionalista de Christiane Nord (2016), a concepção de tradução desta pesquisa é a de uma prática orientada ao leitor final, ou seja, um texto prospectivo, que se articula para fazer com que o leitor crie sentidos a partir da leitura. Para tanto, Nord aponta o léxico, um dos fatores internos de articulação textual, como aspecto que incide diretamente nesse processo de construção de sentidos. Analisamos escolhas lexicais que culminam diferenças de sentido e de representação da mulher brasileira. Os resultados apontam variações de sentido em cada versão, como a objetificação, erotização e sexualização não intencional da mulher. Também é possível observar a falta de habilidade ao se trabalhar com o léxico, fazendo assim versões baseadas em tradutores online cuja tradução é literal e pouco polida.

 

Palavras-chave: Estudos da Tradução, Funcionalismo, Tradução de Canção, Garota de Ipanema.

 

Graziela Eloiza Martins de Souza

"Guilty suspect - [A culpa não é do tradutor / Suspeito Culpado]" Desvendando segredos da tradução de títulos de filmes no Brasil.

Títulus. Inscrição. Marca. Apelo verbal. Na antiguidade, designava uma etiqueta, presa a extremidade de um bastão chamado umbiculus, para resumir o conteúdo e a autoria dos papiros (LONARDONI, 1999). Designando ainda o que se coloca no início de um livro, capítulo ou artigo, é também fonte de informação em rótulos, letreiros, nomes e filmes, sempre com a função de indicar ou resumir o contexto ou a temática de uma obra. Por esta razão, o título é geralmente reduzido a uma combinação de palavras ou expressões. Em pesquisas nas áreas da linguística textual, jornalismo (manuais de redação) e publicidade, o título é um enunciado determinador de sentidos para o texto, visto que sua função é a de persuadir e lembrar os consumidores de produtos, serviços e marcas (NATALINO, 2014). Já nos estudos da tradução, os títulos têm sido abordados sob a perspectiva da teoria funcionalista de Christiane Nord (2016). Para o funcionalismo (NORD, 2016; VERMEER, 1986), o título é uma unidade textual, uma oferta de informações que, na indústria cinematográfica, não só atrai a atenção do público, como também ativa sua memória afetiva e social, promovendo o entendimento da história e buscando entretê-lo. Em outras palavras, se o título não é valorativo ou atraente para o espectador, pode desmotivá-lo a interagir com a história (MARTINS, 1997). É justamente sobre traduções de títulos de filmes que ancoramos a temática deste trabalho, pois não raro são alvos de críticas devido a escolhas que o espectador considera como equivocadas ou inadequadas. Mas por que os títulos traduzidos são tão diferentes do original? Contrariamente ao senso comum, a resposta não está no tradutor, cujo papel é o de apenas sugerir opções, mas sim na equipe de marketing e divulgação. A primeira opção da equipe é geralmente uma tradução mais literal; entretanto, expressões típicas da língua/cultura de origem nem sempre são rapidamente acessadas pelo público alvo. Nestes casos, o marketing adapta o título com base em sinopses, entrevistas e trailers. Somente após este processo, o título pode ou não ser aprovado pela distribuidora de origem.  Já no Brasil, a comercialização de filmes estrangeiros tem início somente após os títulos passarem por procedimentos técnicos de adaptação e raramente de tradução literal, a fim de que imprimam a ideia central da história, preservando a essência dos títulos originais. Assim, portanto, de forma a desconstruir crenças negativas voltadas ao tradutor e ao processo tradutório, esta pesquisa analisa traduções e adaptações de títulos de filmes em língua inglesa e discute a importância deste processo para a indústria cinematográfica. Espera-se demonstrar, com este estudo, que a tradução de títulos de filmes é notavelmente mais complexa do que aparenta e que resulta, conforme Nord (2016), num intricado jogo de escolhas lexicais, metáforas e efeitos de sentido sobre o público consumidor, seja em língua alvo ou mesmo na língua de origem.

Palavras-chave: Estudos da Tradução, Funcionalismo, Escolhas Lexicais, Títulos de Filmes.

 

 

Jessica Zablocki

Tradução e o gênero textual de divulgação científica

 

Uma linguagem universal ajuda a garantir que as informações cheguem mais facilmente onde são necessárias. Esse é um dos motivos pelo qual a língua inglesa é hoje preponderante em quase qualquer área da atividade humana, como tecnologia, comércio, turismo e ciência. Especialmente em relação à área cientifica, observamos que grande parte das pesquisas é publicada diretamente em inglês. Além disso, sabemos que a divulgação científica é o principal meio por qual a sociedade tem acesso a essas pesquisas. E a circulação de textos de divulgação científica entre diferentes comunidades linguísticas leva à demanda por traduções. Em textos traduzidos, de caráter científico, a objetividade e precisão do componente linguístico, o cuidado com o conteúdo e o uso de termos consagrados pela comunidade científica em questão são essenciais para que os significados do texto-fonte não sejam comprometidos. Sendo assim, textos de divulgação científica podem ser complexos de se traduzir, sendo necessário ao tradutor saber qual estratégia usar no processo tradutório para que o texto chegue ao leitor de forma adequada, isso porque mesmo em textos técnico-científicos a tradução literal não basta. Essa é a prerrogativa do funcionalismo de Nord: todo texto, traduzido ou não, sempre é pensado e produzido para o leitor final, sendo que é o leitor que completa a função do texto. Sendo assim, a tradução pode então ser considerada como uma interação comunicativa intencional, intercultural e verbal envolvendo o texto fonte e traduzido. O texto de divulgação científica é, em sua essência, uma oferta informativa para o leitor na visão de Nord (2016) e Vermeer (1986). Portanto, quando traduzimos textos de divulgação científica, ou de qualquer outro gênero, algumas estratégias se fazem necessárias, justamente para que o texto-traduzido não se afaste do sentido pretendido no texto-fonte. Conforme proposto por Baker (1993), os tradutores podem utilizar os universais de simplificação, explicitação, normalização e estabilização no processo de tradução. Sendo assim, o objetivo desse estudo é fazer uma análise quantitativa e qualitativa do texto “Capacidade de cozinhar alimento pode ter sido essencial para evolução humana”, publicado na edição brasileira da revista Scientific American, uma tradicional revista mundial de divulgação científica, editada nos Estados Unidos desde 1845. Para tanto, analisamos a presença/ausência dos universais de Baker na tradução publicada nesta revista, utilizando o software de tradução Wordsmith Tools de acordo com as análises de Sardinha (2006) e Santos (2013). Posteriormente a esta análise buscamos no texto sentenças que corroborem os resultados encontrados no Wordsmith Tools. Os resultados indicam que dos quatro universais, o de explicitação e normalização foram utilizados pelo tradutor, com destaque pra o último. Observamos diversas marcas de normalização, inclusive no título. Portanto, o texto técnico não se reduz à terminologia que veicula e não serve apenas para transferir um conhecimento técnico-científico. Esse gênero textual depende da linguagem, do texto e da cultura e é provido de forma de estilo ou identidade linguístico-cultural.

 

Palavras-chave: Tradução, Funcionalismo, Universais de Baker, Texto de Divulgação Científica.

 

Lucas Miguel De Bail Ribas

Visual Approach: Uma tradução técnica de legislação no âmbito da aviação

 

A aviação está caminhando, ou talvez voando, para um sistema cada vez mais rápido, seguro e eficiente. Ser capaz de aproveitar condições meteorológicas favoráveis a fim de encurtar um voo é certamente algo a ser considerado nesse cenário de cerca de 36,8 milhões de operações anuais no mundo, de acordo com a BBC Brasil (2018). Geralmente em voos comerciais, também chamada de aviação regular, as aeronaves prosseguem sob regras de voo por instrumentos (IFR), ou seja, os pilotos se orientam exclusivamente através de instrumentos de navegação aérea, sem necessariamente precisar de referências visuais fora da cabine. Em dias claros e de boa visibilidade, controladores de tráfego aéreo podem optar, com o consentimento da tripulação, por levar essas aeronaves para pontos mais próximos de seus destinos, para que pousem fazendo uso de referências visuais, sem prejudicar a segurança de voo. Esse procedimento é chamado de “visual approach”. A Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), que regula quase toda aviação e controle de tráfego aéreo no mundo, define o visual approach como: “an approach by an IFR flight when either part or all of an instrument approach procedure is not completed and the approach is executed in visual reference to terrain”, enquanto no Brasil, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), órgão responsável por quase toda legislação que rege o espaço aéreo brasileiro, o traduz como “aproximação visual” e define: “uma aproximação em voo IFR, quando parte ou a totalidade do procedimento de aproximação por instrumentos não se completa e se realiza com referência visual do solo”. Por lidar com vidas humanas, o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro funciona através de regulamentos, cujo objetivo é sistematizar e tornar o mais previsível possível todo tipo de operação envolvendo aeronaves. Por essa razão, a tradução desses documentos é fundamental para que controladores e tripulação interpretem corretamente os procedimentos realizados. Assim, a tradução de normativas, especificamente legislações aeronáuticas, não admite ambiguidade nas suas interpretações, tendo em vista a responsabilidade dos envolvidos em todas as instâncias da aviação. Conforme Nord (2016), tanto o tradutor (órgãos legisladores), quanto o leitor (controladores e tripulação) são fatores decisivos e ativos no processo de tradução funcionalista, ou seja, o tradutor precisa ter o leitor final à frente do processo tradutório, a fim de produzir um texto alvo que funcione, ou seja, que permita ao leitor construir sentidos com ele. Fundamentada nessa concepção, essa pesquisa analisa regras da aproximação visual em língua portuguesa, comparando-as com o texto-fonte em língua inglesa, a fim de identificar trechos que demonstrem a ocorrência de possíveis ambiguidades que poderiam ser revistas para uma melhor interpretação. Em um segundo momento, propomos alternativas de tradução para essas ocorrências, buscando soluções para desambiguar os casos selecionados. Esperamos, assim, facilitar seu entendimento e, possivelmente, aumentar a segurança operacional em relação à interpretação dos regulamentos que regem o serviço de controle de tráfego aéreo brasileiro. 

 

Palavras-chave: Tradução Técnica, Legislação, Aproximação Visual, Controle de Tráfego Aéreo.

 

 

 

Gustavo Burda

Influência do tempo na tradução - questões sobre adaptação e qualidade                      

 

A prática da tradução trabalha com prazos restritos de tempo, portanto, é comum que tradutores procurem demonstrar proficiência em sua prática, com o objetivo de buscar uma boa relação entre qualidade e a limitação de tempo impostas pelo cliente, agência ou contrato, independente de serem trabalhos técnicos ou editoriais. Este equilíbrio entre tempo e qualidade caracteriza o profissionalismo do tradutor, muitas vezes a competência dos tradutores não se mede por sua qualidade linguística, mas sim por sua capacidade de fazer “mais”, com qualidade, em menos tempo. Na tradução de trabalhos literários, existe também a busca do tradutor com uma capacidade mais criativa de encontrar soluções para a intraduzibilidade de certas peculiaridades linguísticas. Existem muitos trabalhos referentes à questão tempo e tradução, porém, esses trabalhos se referem à estudos e reflexões sobre o distanciamento temporal, por exemplo, entre a produção da obra original e suas possíveis (re)traduções/(re)adaptações voltadas a contemporaneidade. Ou seja, a relação observada entre tempo e tradução, é, muitas vezes, referente à durabilidade da obra ao longo do tempo. Vale a pena ressaltar que, trabalhos referentes a essa (re)tradução se encontram prioritariamente na área acadêmica. Entretanto, esta pesquisa aborda a relação tempo-qualidade, no âmbito da tradução profissional, isto é, qualidade como decorrência do cumprimento de prazos, que determinam um bom profissional e uma boa tradução conforme pode se observar em sites de agências na web.  Especialmente no que se refere ao texto literário, objeto deste estudo, e, tendo em mente essa falta de estudos que analisam a maneira como uma tradução, feita com tempo altamente restrito, possa ter uma qualidade inferior ao desejado. Nos questionamos sobre a influência do intervalo de tempo disponível no processo de tradução e na qualidade do texto literário  traduzido. Convém ressaltar que, com base do trabalho de Miriam Santos, Controle de Qualidade na Tradução, entendemos por qualidade, uma tradução literária que demonstra articulação linguística na busca de soluções lexicais, sintáticas e pragmáticas. Assim como, preocupação com a fidelidade ao estilo de escrita do autor, conhecimento de manuais de estilo, moderação entre omissões e adições ao texto, reconhecimento da tipologia, conhecimento cultural e criatividade, levando sempre em consideração as especificações da proposta tradutória e o contrato. Com este trabalho, buscamos analisar soluções tradutórias para uma mesma frase de controle, traduzida em diferentes intervalos de tempo, observando o refinamento da qualidade da tradução, conforme esses intervalos tornam-se mais espaçados. Nosso objetivo demonstrar uma tendência do tradutor profissional, que trabalha com textos escritos, de adaptar sua tradução original, feita com alta limitação de tempo, considerando a suposição de que, quanto maior o tempo de exposição da frase para o tradutor, melhor será a qualidade do resultado final.

Palavras-chave: Prática de Tradução, Tempo, Adaptação, Tradução Literária.

 

 

Auridéia Costa Silva Rodrigues

Análise da tradução do poema “Still I Rise” de Maya Angelou

 

Maya Angelou foi escritora, poetisa, atriz e dramaturga estadunidense,  além de  ativista pelos direitos da população negra segregada Nascida no estado do Missouri em 4 de abril de 1928, fez da poesia uma forma de luta pela emancipação do povo negro, atuando ao lado de personalidades como Malcom X e Martin Luther King Jr. Maya Angelou escreveu também diversos artigos literários e jornalísticos, além de poesias. Destas destacam-se Just give me a cool drink of water, Shaker, e Still I Rise, objeto desta pesquisa e um de seus poemas mais emblemáticos sobre a resistência e militância política, publicado em 1978 e traduzido para a língua portuguesa por diversos autores como Francesca Angiolillo e Brenda Nepomuceno. Sua obra pode ser compreendida dentro do cenário pós-colonialista, uma vez que seu trabalho denuncia o racismo, a desigualdade social e a opressão imposta ao seu povo, segundo Lauro Mariano de Christo e Miguel Neneve (2016). O poema Still I Rise, cujo título pode ser traduzido como “Ainda me levanto”, foi escrito em primeira pessoa como forma de representar a voz do povo negro em contraposição ao discurso racista autoritário (IRMÃO, 2015). Ao longo dos versos, a autora descreve vários episódios do que historicamente aconteceu com os seus semelhantes, como a desvalorização de seu povo e de sua cultura, além da sexualização e objetificação da mulher negra. Além disso, destacam-se a utilização de perguntas e repostas no poema em questão, gerando uma interação direta com o leitor. Suas obras retratam temáticas relacionadas ao racismo e ao apartheid, além de pressões sociais exercidas sobre as mulheres negras norte americanas. Dentre as inúmeras traduções existentes para o poema, optamos pela tradução da professora Walnice Nogueira Galvão, professora de teoria literária e literatura comparada na USP, em razão de sua vasta produção bibliográfica em pesquisas literárias. Assim, o objetivo deste estudo é analisar se a tradução da professora Walnice aproxima-se do poema original de Maya Angelou em relação ao sentido, estrutura e rimas. Para tanto, comparamos o poema original e a tradução feita pela professora Walnice e, num segundo momento, propomos a retradução desse poema, com atenção para as escolhas lexicais. Nossa concepção de tradução é o funcionalismo nordiano (2016) segundo o qual, todo texto, traduzido ou não, é sempre uma oferta informativa ao leitor, inclusive no que diz respeito à poesia. As discussões de Bastos (2012) e Menezes (2011) complementam nosso trabalho.

 

Palavras-chave: Estudos da Tradução, Funcionalismo, Maya Angelou.

 

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